Roda de conversa com pais
UMEI Petrópolis – junho 2017
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Educar é ajudar a criança a dar o melhor de si mesma, e nunca encorajá-la a imitar qualquer outra;
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Nós morreremos quando tivermos acabado de viver;
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A história da infância determina amplamente o futuro;
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Criar filho não é uma ciência exata e sim uma experiência criativa;
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O respeito à personalidade da criança, que é única, é muito importante na sua educação;
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Quanto mais respeitarmos a descoberta da individualidade, o seu desejo de separar-se, de ser autônomo e independente, melhor para a criança;
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Os pais não devem ceder ao desejo de tentar criar o filho que gostariam de ter. Ao contrário, devem ajudá-lo a desenvolver-se plenamente, em seu próprio ritmo, naquilo que ele quer e pode ser, de acordo com seus dotes naturais e como consequência de suas experiências – isso talvez seja o mais difícil para qualquer mãe ou pai;
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É importante estar seguro nas atitudes, pois os pais são toda a fonte de segurança de uma criança. A indecisão e a insegurança são piores do que a grande maioria dos possíveis erros de decisão. Não decidir, mostrar-se inseguro, ir no palpite de outras pessoas, isto sim é que é ruim para os pais e para os filhos;
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A mãe boa não é a mãe que tudo supre, que dá tudo, que está sempre disponível – é sim a que deixa que apareça a falta para que esta criança tenha o desejo de buscar, de experimentar para além da relação com a mãe;
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Use a sua autoridade, mas não seja autoritário.
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Pais são ponte para o mundo;
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Todo casal, em algum momento, tem suas brigas. E nem sempre conseguem que o desentendimento seja longe dos olhos e ouvidos dos filhos.
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Casais têm duas atitudes quando se desacertam: há os que brigam abertamente e podem chegar até a agressão e os que brigam sem palavras, procurando ignorar um ao outro. De um jeito ou de outro a criança percebe o clima de tensão. E isso faz com que fique muito insegura e ansiosa, ela não entende completamente o que está se passando. Ela teme o abandono e ser agredida. Pior ainda: por um mecanismo ainda não explicado, a maioria atribui-se culpa na briga dos pais. Esse sentimento de culpa pode ser muito forte, tornando a criança desinteressada, passiva, tímida, nervosa, sujeita a dores de cabeça, enjoo e pode até somatizar ficando muito doente. Crianças pequenas quase sempre imaginam que são as responsáveis pela briga dos pais. É que, ainda egocêntricas, imaginam que tudo acontece por causa delas e isso faz com que se sintam culpadas. Para a criança, a pior coisa que pode acontecer é perder o amor dos pais. E com isso a cada briga se sente mais ameaçada, mais insegura, mais infeliz.
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Quando os pais não se respeitam e não respeitam a criança, brigando permanentemente, é comum crises de choro, cobrir os olhos ou os ouvidos com as mãos, e a criança pode até entrar em choque. Algumas fingem total indiferença, como se já estivessem acostumadas, mas mesmo essas acabam não aguentando: ou assumem um comportamento rebelde, violento, ou vão se fechando cada vez mais, tornando-se apáticas e isoladas.
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O comportamento da criança é socialmente adquirido, repetindo os pais, de certa forma, ela está tentando justificá-los.
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Não é só a briga que faz mal à criança: é a ideia de que pessoas que se amam possam deixar de se amar – o que é uma ameaça direta a ela.
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Criança ser usada na briga – sente-se ameaçada, está sendo um problema na vida dos pais.
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Desaprovação é uma coisa; desamor é outra. Quando a mãe diz que só gosta da criança se ela for obediente, certamente está prejudicando a formação de sua personalidade. A criança pode lidar com a desaprovação, mas não suporta o desamor nem a ameaça de não ser amada.
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Agressividade e violência na criança são um sinal evidente de falha dos pais, porque são uma reação natural de quem não tem uma oportunidade justa de desenvolver corretamente sua personalidade. Não culpem a criança, porque ela é a vítima.
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Por volta dos três anos a criança quer brincar sem parar, mexe em tudo, desmonta, inventa, quer descobrir e experimentar tudo. Enquanto tem energia não consegue parar. Obrigá-la a parar por qualquer motivo causa reação. A dica é: avise-a com pelo menos 15 minutos de antecedência, da hora do banho, de comer, de dormir, ou seja, da hora de parar a brincadeira.
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Os limites são muito importantes para a criança, antes mesmo que ela esteja madura e tenha consciência para aceitá-los. Mas, antes dos 6, 7 anos, ela não tem autocontrole nem consciência, o que significa dizer que é muito difícil controlar o que não acha que é errado.
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A UMEI não existe para substituir os pais que não tem tempo para os filhos; mesmo com a melhor pré-escola, os pais são indispensáveis e insubstituíveis como os principais educadores da criança.
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T. B. Brazelton: “A função do limite é a de transmitir valores”.
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O LIMITE para valer tem que ser duradouro; a FAVOR e não CONTRA a pessoa.
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ROTEIRO DE QUALIDADES DOS LIMITES:
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Ser justo;
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Ser necessário e indispensável;
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Ser consistente (isto é, valer para sempre);
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Ser coerente (quer dizer, valer tanto para a mãe quanto para o pai);
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Ser claro, fácil para a pessoa entender;
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Estar de acordo com o desenvolvimento da pessoa;
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Ser possível de cumprir.
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Mesmo que os limites tenham todas estas qualidades e que sejam aceitos pela pessoa, é certo que ela vai testá-los, vai tentar descumpri-los ou amenizá-los, vai procurar dias e horas que justifiquem uma exceção. O objetivo da resistência não é contestar os pais ou a autoridade deles, nem mesmo contestar os limites: é assegurar-se de que são mesmo pra valer e que são importantes, para que possa acreditar neles e assumi-los. Por isso mesmo é que a coerência e a consistência são fundamentais: sem eles a pessoa fica confusa a respeito da validade do limite, da sua importância, não consegue aceitá-lo nem cumprir o que os pais desejam.
- Para internalizar um limite e fazer com que ele funcione, a pessoa não deve ter medo dos pais nem agir apenas automaticamente, mas deve estar consciente do limite e do motivo para agir ou deixar de agir.
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Não se muda a regra do jogo em andamento.
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POR QUE É PRECISO QUE OS PAIS DIGAM UMA, DUAS, TRÊS, MIL VEZES A MESMA COISA?
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. Criança não é como adulto que é capaz de conter um comportamento, um impulso, uma vontade por conta própria. Ela ainda está aprendendo a fazer isso. Ela está em tempo de aprender, caso alguém lhe ensine. Os pais, muitas vezes, em vez de conter a criança e ensinar que ela pode aprender isso, esperam que ela se contenha. Mesmo já com idade suficiente para entender a explicação da mãe sobre os riscos de determinada situação, o filho não tem idade para resistir à tentação de fazer o que tanto gosta. Os pais não podem abandonar o filho à mercê de si mesmo; isso significa deixar de proteger, deixar de cuidar, deixar de expressar o amor que têm pelo filho. Isso significa deixar de ocupar o lugar de pai, de mãe, de quem deve educar.
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A maneira como se disciplina uma criança tem enorme influência em sua formação. O método de disciplina é construtivo quando fornece uma conseqüência lógica ligada ao mau comportamento.
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Se seu filho fez bagunça deve arrumar. Se estragou algo, deve consertar. O castigo desvinculado das ações passa a ser uma punição que gera raiva e ressentimento. De nada adiantaria impedir a criança de ver tv por que ela quebrou a janela. O melhor seria tirar o dinheiro da mesada para pagar o vidraceiro. Algumas vezes, a ação da criança produz uma conseqüência espontânea, como ao esquecer o dever em casa e não poder entregá-lo na escola. Ou quando não coloca a roupa suja no cesto e fica sem roupa limpa para usar. Em situações desse tipo é melhor não interferir e deixar que vá aprendendo sozinha.
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O castigo faz sentido se ele for combinado antes com a criança.
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DEPOIS DO AMOR O SENSO DE DISCIPLINA É O LEGADO MAIS IMPORTANTE QUE OS PAIS PODEM DEIXAR AOS FILHOS.
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Disciplina significa ensinar, não castigar.
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Há ocasiões em que o castigo faz parte do processo disciplinar – deve seguir-se imediatamente ao mau comportamento, ser breve e respeitar os sentimentos da criança. Depois de terminado o castigo é preciso assentar com a criança castigada e dizer-lhe: “nós amamos você, mas não podemos permitir que faça o que fez. Vai chegar o dia em que você vai aprender a se controlar e então não precisaremos mais de castigos”.
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Uma disciplina coerente e reservada, que estabelece limites com firmeza e compreensão não representa uma ameaça à personalidade da criança. Muito ao contrário, faz parte de seu trabalho de aprender a conhecer-se.
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A autodisciplina, que é o objetivo da disciplina, é atingida através de três estágios:
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Testar os limites através da exploração;
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Provocar, para que os outros deixem claro o que é ou não conveniente;
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Internalizar estes limites anteriormente desconhecidos
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O que todos nós, pais e educadores, buscamos para as pessoas com as quais convivemos é que tenham prazer em estar no mundo; é que possam contribuir para a construção de tempos mais humanos e para isso é necessário que tenhamos como objetivo a AUTONOMIA, ou seja, que esta pessoa seja capaz de tomar decisões, de se virar diante de situações de risco, que saiba se preservar se respeitando e aos que estão ao seu redor. A construção desta autonomia depende diretamente e intrinsecamente de nossa postura diante de nossos filhos e alunos. Como já disseram – um exemplo vale mais que mil palavras.
Maria Lúcia Pellegrinelli
Junho 2017
Veja a apresentação: clique aqui – Apresentação-maria-lucia-pellegrinelli